sábado, 29 de março de 2014

O desafio da Inteligência

Já foi há algum tempo que ouvi falar do desafio da canela. À primeira vista pareceu-me estúpido o suficiente para milhões de pessoas tentarem, já que a tendência é para que a originalidade morra e o pessoal se limite a imitar as ideias dos outros. Mas durante muito tempo a primeira vista foi a única vista a que esse desafio teve direito da minha parte. Agora, para não variar, a comunicação social está a escarafunchar neste assunto até ao osso, com o objectivo de alertar para os altos riscos que 90% destes desafios têm para a saúde (a física do individuo que o pratica e a psicológica dos que assistem). Foi então que eu acordei para a infeliz realidade social em que vivo e reparei que há dezenas destes desafios a impelir os inconscientes à parvoíce.

E como a minha reacção foi de efeito "HIV Aladeen", isto é, não sei se me escangalho a rir ou se me deprimo com as figuras que por aí se fazem, quis fazer aqui um curto apanhado das aventuras da pequenada pela web, em modo TOP10. Vamos a isso então!

10 - Desafio dos Cereais

É só comer cereais... Onde é que está o factor "estúpido"? No tamanho do recipiente e na quantidade atrasada mental de leite e cereais que se lá mete. O desafio começou com uma mera saladeira e agora já há malta a comer Cheerios da banheira. Nocivo: A tal quantidade atrasada mental que vai pela goela abaixo. Saudável: O banho Cleópatra. Leva o último lugar porque eu não gosto de Cheerios.


9 - Chubby Bunny

Aparentemente inofensivo, a não ser que alguém se engasgue num marshmellow. Mas depois de se ver a Gwineth Paltrow a fazer isto num programa da BBC ninguém acredita que encher a boca de almofadinhas doces possa ser perigoso. Nono lugar por isso.


8 - Desafio da Canela

Ainda merece um lugar decente na tabela dos mais estúpidos pelas explosões laranjas e as paragens respiratórias, mas já está muito batido. Para além disso, acredito no benefício da canela e não admito que andem para aí a difamar um produto nobre. Levas um à Chuck Norris e vais para o fim da tabela que te lixas.

De certeza que não vai ser desafio nenhum atirar-se de uma ponte

7 - Sal e Gelo

O nome do desafio já lhe dá algum estatuto. Quem sabe um dia não escrevo um livro com esse nome... qualquer coisa sobre adolescentes com tempo a mais e cérebro a menos.

No fim é que é giro. Quando o anormal constata que aquilo queima. será que a dor não é suficiente para perceber?

6 - Fermento e Vinagre

NOOOOOOJOOOOOO!!!!!!!!!!! Porque é que os desafios envolvem quase sempre ingestão de mistelas que não lembram nem ao Pai Natal? 6º lugar pela criatividade.



Oh não... outra vez a pré-suicida! "UHH que delinquente que eu sou só porque pintei o cabeloooo!" 

5 - Desafio da Lata

Quase percebo o atractivo deste desafio. Humm... uma pilha de latas sem rótulo, nunca se sabe o que pode calhar. Mais valia comer douradinhos frios o resto da vida a calhar almôndegas! acreditem que é o pior que se mete numa lata.

Coisas didácticas para jovens promessas

4 - Beer Pong

Embora este seja um Top10 do pior, confesso que até podia ser adepto da modalidade. Sem grandes descrições, é ping-pong com cerveja. Agora vejam.


3 - Coca-cola e Mentos

Chegamos ao pódio com uma experiência clássica tornada desafio. Desta vez a o tubo de ensaio é a boquinha dos meninos.

HOLY COKE!!

2 - Banana e Sprite

AHAHAHA "The Burp Factory". Foi uma revelação interessante, não fosse a probabilidade de haver vómito projectado a assombrar-me as gargalhadas. Só não levou o primeiro lugar porque em grau de "estúpido" o de baixo está a milhas de qualquer um.


1 - Aspiração de Preservativos

Só me lembro a desilusão do Professor Herrero, qual Mr. Miyagi da aspiração nasal de objectos, deve estar a sentir ao contemplar o horror que os seus pequenos gafanhotos andam a espalhar pela web. Oh rapaz, ninguém te ensinou onde é que isso se punha?!




É em estado de choque que acabo este post, concluindo apenas que, nos dias que correm, os verdadeiros desafios parecem ser os da inteligência e do bom senso. Não se esqueçam que um destes meninos pode vir a ter um cargo de responsabilidade pública... mas provavelmente não.

Farewell!

terça-feira, 25 de março de 2014

Boneface e os Novos Ídolos

"Hero Eater"
Depois do meu último post fiquei a pensar que devia ter mencionado o excelente art-work à volta do álbum "...Like Clockwork" dos Queens of the Stone Age. O material é muito bom e já me tinha chamado a atenção, mas não sabia nada sobre o artista. Fiz umas pesquisas com o objectivo de editar o post, mas o que encontrei merecia o seu próprio tempo de antena.



Não é que um tipo lá do Reino Unido, conhecido como Boneface, anda a fazer umas coisas engraçadas? É sim. Alguns já deram ao seu estilo o nome de action-gore, se bem que esse título me parece um pouco redutor. Parece-me a evolução natural da Pop Art e as suas influências da banda desenhada. Um Andy Warhol que foi modelado por outras influências. O artista, com certeza, não gostaria muito desta comparação, já que todos gostam de reconhecimento próprio. Mas digo isto pela forma como funde vários estilos de Comic com as cores berrantes da Pop Art e os ídolos e temas da sua geração, ligeiramente Geek, mas não o suficiente para se limitar a esse nicho. se bem que vivemos em tempos pós glória do Hip-hop, a que eu baptizei de "geek uprise", mas em relação a esse assunto, eu talvez tenha coragem de desenvolver noutro post menos sério. 

"Enemy"
Revejo-me nas influências de Boneface: X-men, Batman, Ironman, Tartarugas Ninja, GTA, Assassins Creed, e outros tantos heróis e vilões da televisão, videojogos e cinema xunga dos nossos tempos, em situações de declínio e que espelham o lixo da sociedade actual, sendo a banalização da violência o mais presente. O que parece certo é que Boneface não tem medo de chocar e só tende a crescer. Começou a divulgar o seu trabalho em 2009 e já colaborou várias vezes com marcas de roupa, campanhas de publicidade, cinema e videojogos. O próprio artista considera que o maior projecto que teve até agora foi o trabalho junto dos QOTSA, a primeira vez que os seus desenhos viraram animados.

Para resumir este autor e o seu trabalho, nada melhor que as suas próprias palavras: "Aquilo que me faz a pessoa certa para este trabalho é provavelmente a que me faz a pessoa errada para qualquer outro", e sobre a sua arte diz, "Imaginem o que aconteceria se misturassem um tubo da TGRI com uma gota dos Oozes do Ivan e um pouco da poção do Judge Doom, e derramassem a mistura em alguém. Bem, imaginem isso e ponham-lhe uma máscara." Com muitas referências ao universo das Tartarugas Ninja com uma pitadinha do de Roger Rabbit. Postei aqui umas favoritas, mas não há como ir à fonteConcluo com a esperança de que o Boneface continue a receber lavagens cerebrais de lixo televisivo, que no caso dele resulta bem.


A bisnaga mata-me

quinta-feira, 20 de março de 2014

Como um Relógio

Já estava mais que na hora de comentar este precioso álbum da banda que me acompanha desde que apertei a mão ao rock a sério. Os Queens ofthe Stone Age já me deram muitas alegrias e, depois de já estar a desesperar por algo novo, chega "...Like Clockwork". O sexto álbum de estúdio dos meninos do deserto que tocam stoner rock. Isto é o que os entendidos dizem, mas as rainhas rejeitam este tipo de etiquetas. Já chegou em 4 de junho de 2013, mas só agora é que o interiorizei devidamente para o poder comentar e só me lembro da palavra FENÓMENO!!

Lembro-me que na altura fiquei entusiasmado com os regressos do Dave Grohl e do Joey Castillo ás baterias, embora só tenham participado na gravação de estúdio. Ainda pensei "Não..." quando soube que o Elton John ia cantar numa faixa, que acabou por se revelar a frenética "Fairweather Friends". Depois descobri que o Jake Shears (Scissor Sisters) e o Alex Turner (Arctic Monkeys) também cantavam noutras faixas, e descobri que foi mais um golpe de marketing que uma contribuição. Não Julgo. Muitas "contribuições", partidas e chegadas aconteceram na produção deste álbum, resultando numa combinação de sons que, acidentalmente, julgo eu, pegam na carreira toda da banda e a esborracham num só álbum. Isto é, o álbum mais completo de sempre dos QOTSA, e o que interessa é que a voz astronómica do Josh Homme, a guitarra feiticeira do Troy e toda a magia por trás, estão de volta.

Depois do "Era Vulgaris", em 2007, já não era sem tempo. A superbanda com Dave Grohl e John Paul Jones, Them Crooked Vultures, deu para ir matando as saudades, mas QOTSA é QOTSA. Depois disso o mestre Josh ainda decidiu morrer e ressuscitar na mesa de operação, depois de complicações numa cirurgia ao joelho, deixando-o alguns minutos no além e quatro meses em convalescença. Esse episódio afectou josh psicológicamente, e isso refectiu-se na música de "...Like Clockwork". Quando finalmente o álbum chegou ao meu disco externo, a primeira peça que me tocou os ouvidos foi "My God is the Sun". Estranhei, porque me parecia que os meus mais fieis produtores de rock "diferente" (alternativo já se tornou uma etiqueta), se tinham juntado ao resto do rebanho. No entanto esta estranha sensação passou com uma segunda escuta, e tudo o que veio depois disso foi para me arrancar o coração do peito e brincar com ele.

Depois de ouvir o álbum em "repeat" vezes sem conta, descobri porque é que tive essa primeira sensação quando ouvi "My God is the Sun". A verdade é que a banda está num estado de maturidade em que a música é consciente do seu passado, e volta, sem se perder, a revisitar sons que vão desde os riff's quadradões do início da sua carreira no álbum auto-intitulado e de "Rated R", ao psicadélico quase sinfónico de "Lullabies toParalyze", com uma pitadinha do rock comercial do "Songs for theDeaf" e do "Era Vulgaris", tudo em doses  perfeitas.Ora vejamos, temos os loops tensos de "I Sat By the Ocean" e "Smooth Sailing", que só vêem alívio nos solos que irrompem para nos deixar respirar. Temos também as construções negras mas frenéticas do primeiro single e de "Keep your eyes Peeled", que têm um efeito contrário, as estrofes negras que irrompem em refrões magnânimos que vão conquistar o mundo, e finalmente o solo que te manda contra a parede e te deixa inconsciente. Isto só sossega em dois momentos, um de respiração em "The Vampyre of Time and Memory" e outro em "...Like Clockwork", que dá o título ao álbum e que, na minha modesta opinião, é o seu melhor momento. Há muito tempo que não aparecia uma música nova que me fizesse arrepiar os cabelinhos todos e ficar quase a chorar que nem um menino.


Vão, meus pequenos gafanhotos, e oiçam, que só vão ganhar. Num mundo onde as bandas novas lutam por ser as mais roqueiras e mais pesadonas, os QOTSA viram a via aberta para serem a mais sensual e sexy, a vaguear entre o kinky e o sadomasoquismo, sem nunca cair em nenhuma corrente, basta ver a capa deste álbum. Sabendo que ao fim de seis álbuns continuam a ser o que são mas a surpreender ao mesmo tempo, só me vão desiludir se deixarem de gravar novas obras-primas. Com isto tudo, ainda lhes agradeço por me terem apresentado outras coisas tão boas como Desert Sessions, Kyuss, Eagles of Death Metal e Them Crooked Vultures, sempre valorizadas pelo mestre Josh. Agora arrepiem-se lá se faz favor.


Cheira-me a flores!

Conhecimento geral, a primavera começa no dia 21 de Março. Desenganem-se! o Astro Rei é que manda e ele diz que é hoje ás 16:57, pelo menos na nossa praia. Pois é, hoje é o dia em que a noite e o dia duram exactamente as mesmas horas. 

Cá para mim, quanto mais cedo melhor. Já estava na altura de algumas coisas que só acontecem na primavera começarem a acontecer. Vamos ver se alguma coisa floresce, não só nos campos mas também por aqui. Foi neste tema que decidi pegar para me desculpar pelo meu hiato. O frio do inverno congelou-me os dedos! Ou terá sido a falta de trabalho? Bom, pode ser que a primavera traga surpresas e este gentil ursinho saia da sua hibernação para o mundo do trabalho. Para já é tudo, mas esperem por mais rebentos! Obrigado pela vossa espera.