Já estava mais que na hora de comentar este precioso álbum
da banda que me acompanha desde que apertei a mão ao rock a sério. Os Queens ofthe Stone Age já me deram muitas alegrias e, depois de já estar a desesperar
por algo novo, chega "...Like Clockwork". O sexto álbum de estúdio
dos meninos do deserto que tocam stoner rock. Isto é o que os entendidos dizem,
mas as rainhas rejeitam este tipo de etiquetas. Já chegou em 4 de junho de
2013, mas só agora é que o interiorizei devidamente para o poder comentar e só
me lembro da palavra FENÓMENO!!
Lembro-me que na altura fiquei entusiasmado com os regressos
do Dave Grohl e do Joey Castillo ás baterias, embora só tenham participado na
gravação de estúdio. Ainda pensei "Não..." quando soube que o Elton
John ia cantar numa faixa, que acabou por se revelar a frenética
"Fairweather Friends". Depois descobri que o Jake Shears (Scissor
Sisters) e o Alex Turner (Arctic Monkeys) também cantavam noutras faixas, e
descobri que foi mais um golpe de marketing que uma contribuição. Não Julgo.
Muitas "contribuições", partidas e chegadas aconteceram na produção
deste álbum, resultando numa combinação de sons que, acidentalmente, julgo eu,
pegam na carreira toda da banda e a esborracham num só álbum. Isto é, o álbum
mais completo de sempre dos QOTSA, e o que interessa é que a voz astronómica do
Josh Homme, a guitarra feiticeira do Troy e toda a magia por trás, estão de
volta.
Depois do "Era Vulgaris", em 2007, já não era sem
tempo. A superbanda com Dave Grohl e John Paul Jones, Them Crooked Vultures,
deu para ir matando as saudades, mas QOTSA é QOTSA. Depois disso o mestre Josh
ainda decidiu morrer e ressuscitar na mesa de operação, depois de complicações
numa cirurgia ao joelho, deixando-o alguns minutos no além e quatro meses em convalescença.
Esse episódio afectou josh psicológicamente, e isso refectiu-se na música de
"...Like Clockwork". Quando finalmente o álbum chegou ao meu disco
externo, a primeira peça que me tocou os ouvidos foi "My God is the
Sun". Estranhei, porque me parecia que os meus mais fieis produtores de
rock "diferente" (alternativo já se tornou uma etiqueta), se tinham
juntado ao resto do rebanho. No entanto esta estranha sensação passou com uma
segunda escuta, e tudo o que veio depois disso foi para me arrancar o coração
do peito e brincar com ele.
Depois de ouvir o álbum em "repeat" vezes sem
conta, descobri porque é que tive essa primeira sensação quando ouvi "My
God is the Sun". A verdade é que a banda está num estado de maturidade em
que a música é consciente do seu passado, e volta, sem se perder, a revisitar
sons que vão desde os riff's quadradões do início da sua carreira no álbum
auto-intitulado e de "Rated R", ao psicadélico quase sinfónico de "Lullabies toParalyze", com uma pitadinha do rock comercial do "Songs for theDeaf" e do "Era Vulgaris", tudo em doses perfeitas.Ora vejamos, temos os loops tensos
de "I Sat By the Ocean" e "Smooth Sailing", que só vêem
alívio nos solos que irrompem para nos deixar respirar. Temos também as
construções negras mas frenéticas do primeiro single e de "Keep your eyes
Peeled", que têm um efeito contrário, as estrofes negras que irrompem em
refrões magnânimos que vão conquistar o mundo, e finalmente o solo que te manda
contra a parede e te deixa inconsciente. Isto só sossega em dois momentos, um
de respiração em "The Vampyre of Time and Memory" e outro em
"...Like Clockwork", que dá o título ao álbum e que, na minha modesta
opinião, é o seu melhor momento. Há muito tempo que não aparecia uma música
nova que me fizesse arrepiar os cabelinhos todos e ficar quase a chorar que nem
um menino.
Vão, meus pequenos gafanhotos, e oiçam, que só vão ganhar.
Num mundo onde as bandas novas lutam por ser as mais roqueiras e mais
pesadonas, os QOTSA viram a via aberta para serem a mais sensual e sexy, a
vaguear entre o kinky e o sadomasoquismo, sem nunca cair em nenhuma corrente,
basta ver a capa deste álbum. Sabendo que ao fim de seis álbuns continuam a ser
o que são mas a surpreender ao mesmo tempo, só me vão desiludir se deixarem de
gravar novas obras-primas. Com isto tudo, ainda lhes agradeço por me terem
apresentado outras coisas tão boas como Desert Sessions, Kyuss, Eagles of Death Metal e Them Crooked
Vultures, sempre valorizadas pelo mestre Josh. Agora arrepiem-se lá se
faz favor.
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