quinta-feira, 20 de março de 2014

Como um Relógio

Já estava mais que na hora de comentar este precioso álbum da banda que me acompanha desde que apertei a mão ao rock a sério. Os Queens ofthe Stone Age já me deram muitas alegrias e, depois de já estar a desesperar por algo novo, chega "...Like Clockwork". O sexto álbum de estúdio dos meninos do deserto que tocam stoner rock. Isto é o que os entendidos dizem, mas as rainhas rejeitam este tipo de etiquetas. Já chegou em 4 de junho de 2013, mas só agora é que o interiorizei devidamente para o poder comentar e só me lembro da palavra FENÓMENO!!

Lembro-me que na altura fiquei entusiasmado com os regressos do Dave Grohl e do Joey Castillo ás baterias, embora só tenham participado na gravação de estúdio. Ainda pensei "Não..." quando soube que o Elton John ia cantar numa faixa, que acabou por se revelar a frenética "Fairweather Friends". Depois descobri que o Jake Shears (Scissor Sisters) e o Alex Turner (Arctic Monkeys) também cantavam noutras faixas, e descobri que foi mais um golpe de marketing que uma contribuição. Não Julgo. Muitas "contribuições", partidas e chegadas aconteceram na produção deste álbum, resultando numa combinação de sons que, acidentalmente, julgo eu, pegam na carreira toda da banda e a esborracham num só álbum. Isto é, o álbum mais completo de sempre dos QOTSA, e o que interessa é que a voz astronómica do Josh Homme, a guitarra feiticeira do Troy e toda a magia por trás, estão de volta.

Depois do "Era Vulgaris", em 2007, já não era sem tempo. A superbanda com Dave Grohl e John Paul Jones, Them Crooked Vultures, deu para ir matando as saudades, mas QOTSA é QOTSA. Depois disso o mestre Josh ainda decidiu morrer e ressuscitar na mesa de operação, depois de complicações numa cirurgia ao joelho, deixando-o alguns minutos no além e quatro meses em convalescença. Esse episódio afectou josh psicológicamente, e isso refectiu-se na música de "...Like Clockwork". Quando finalmente o álbum chegou ao meu disco externo, a primeira peça que me tocou os ouvidos foi "My God is the Sun". Estranhei, porque me parecia que os meus mais fieis produtores de rock "diferente" (alternativo já se tornou uma etiqueta), se tinham juntado ao resto do rebanho. No entanto esta estranha sensação passou com uma segunda escuta, e tudo o que veio depois disso foi para me arrancar o coração do peito e brincar com ele.

Depois de ouvir o álbum em "repeat" vezes sem conta, descobri porque é que tive essa primeira sensação quando ouvi "My God is the Sun". A verdade é que a banda está num estado de maturidade em que a música é consciente do seu passado, e volta, sem se perder, a revisitar sons que vão desde os riff's quadradões do início da sua carreira no álbum auto-intitulado e de "Rated R", ao psicadélico quase sinfónico de "Lullabies toParalyze", com uma pitadinha do rock comercial do "Songs for theDeaf" e do "Era Vulgaris", tudo em doses  perfeitas.Ora vejamos, temos os loops tensos de "I Sat By the Ocean" e "Smooth Sailing", que só vêem alívio nos solos que irrompem para nos deixar respirar. Temos também as construções negras mas frenéticas do primeiro single e de "Keep your eyes Peeled", que têm um efeito contrário, as estrofes negras que irrompem em refrões magnânimos que vão conquistar o mundo, e finalmente o solo que te manda contra a parede e te deixa inconsciente. Isto só sossega em dois momentos, um de respiração em "The Vampyre of Time and Memory" e outro em "...Like Clockwork", que dá o título ao álbum e que, na minha modesta opinião, é o seu melhor momento. Há muito tempo que não aparecia uma música nova que me fizesse arrepiar os cabelinhos todos e ficar quase a chorar que nem um menino.


Vão, meus pequenos gafanhotos, e oiçam, que só vão ganhar. Num mundo onde as bandas novas lutam por ser as mais roqueiras e mais pesadonas, os QOTSA viram a via aberta para serem a mais sensual e sexy, a vaguear entre o kinky e o sadomasoquismo, sem nunca cair em nenhuma corrente, basta ver a capa deste álbum. Sabendo que ao fim de seis álbuns continuam a ser o que são mas a surpreender ao mesmo tempo, só me vão desiludir se deixarem de gravar novas obras-primas. Com isto tudo, ainda lhes agradeço por me terem apresentado outras coisas tão boas como Desert Sessions, Kyuss, Eagles of Death Metal e Them Crooked Vultures, sempre valorizadas pelo mestre Josh. Agora arrepiem-se lá se faz favor.


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