quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Palavrões do Séc. XXI: Pro-actividade

É importante deixar claro que vou chamar palavrão a alguns conceitos que são dignos e que à primeira vista não merecem estar nesta lista. Mas a verdade é que a essência de alguns deles foi totalmente corrompida e tornaram-se ferramentas ao serviço da malta do chicote. É o caso da pro-actividade, uma virtude da pessoa competente que, tanto quanto compreendo do conceito, produz e toma iniciativa de fazer, sem ser preciso que lhe seja ordenado.

Até aqui tudo bem. Aliás, gente incompetente a trabalhar há muita por aí, e quem tem as características de um trabalhador não pertencente a este nicho, que existe numa escala que quase ultrapassa essa designação, deve orgulhar-se de ser pró-activo. Agora, a porca torce o rabo quando este conceito é usado pelo homem do chicote para se poder encostar e responsabilizar o empregado pró-activo por tudo. Para além disso, o conceito, nos dias que correm, serve mais para obrigar o macaco a fazer mais do que aquilo que é de sua competência. 

Para além disso, é bonito ver a transformação do que é uma virtude de um estilo de vida saudável, em que uma pessoa faz acontecer, toma iniciativa e aprende com os erros, em vez de apenas reagir ao que vai acontecendo, num item de requisitos mínimos em anúncios de emprego pré-formatados que tanto servem para quem vai assentar tijolo como para quem vai ser director seja lá do que for, a par com outros tantos como a dinâmica e a experiência-de-pelo-menos-1-ano. Ghandi viveu cada dia como se fosse morrer no seguinte e aprendeu cada coisa como se fosse viver para sempre, ou pelo menos usava isso como frase bonita, mas para mim isso resume o que é a verdadeira pro-actividade: um género de Carpe Diem com perspectivas. Parece quase que só quero marrar com o mercado de trabalho, mas não vai ser esse o futuro desta série, embora a maioria das coisas que me põem os cabelinhos em pé sejam os patrões e as suas cantigas. 

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