É importante deixar claro que vou chamar palavrão a alguns
conceitos que são dignos e que à primeira vista não merecem estar nesta lista.
Mas a verdade é que a essência de alguns deles foi totalmente corrompida e
tornaram-se ferramentas ao serviço da malta do chicote. É o caso da
pro-actividade, uma virtude da pessoa competente que, tanto quanto compreendo
do conceito, produz e toma iniciativa de fazer, sem ser preciso que lhe seja
ordenado.
Até aqui tudo bem. Aliás, gente incompetente a trabalhar
há muita por aí, e quem tem as características de um trabalhador não pertencente
a este nicho, que existe numa escala que quase ultrapassa essa designação, deve
orgulhar-se de ser pró-activo. Agora, a porca torce o rabo quando este conceito
é usado pelo homem do chicote para se poder encostar e responsabilizar o
empregado pró-activo por tudo. Para além disso, o conceito, nos dias que
correm, serve mais para obrigar o macaco a fazer mais do que aquilo que é de
sua competência.
Para além disso, é bonito ver a transformação do que é uma virtude de um
estilo de vida saudável, em que uma pessoa faz acontecer, toma iniciativa e
aprende com os erros, em vez de apenas reagir ao que vai acontecendo, num item
de requisitos mínimos em anúncios de emprego pré-formatados que tanto servem
para quem vai assentar tijolo como para quem vai ser director seja lá do que
for, a par com outros tantos como a dinâmica e a experiência-de-pelo-menos-1-ano.
Ghandi viveu cada dia como se fosse morrer no seguinte e aprendeu cada coisa como
se fosse viver para sempre, ou pelo menos usava isso como frase bonita, mas
para mim isso resume o que é a verdadeira pro-actividade: um género de Carpe
Diem com perspectivas. Parece quase que só quero marrar com o mercado de
trabalho, mas não vai ser esse o futuro desta série, embora a maioria das
coisas que me põem os cabelinhos em pé sejam os patrões e as suas cantigas.
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