A
minha “allowance” de estagiário não permite fazer rotina na
maioria dos restaurantes de Lisboa, pelo menos nos que valem a pena.
De qualquer forma, de vez em quando lá me dou ao luxo, sensivelmente
uma a duas vezes por ano, o que mostra o quanto as minhas finanças
esticam. Já há um ano que andava a prometer uma visita à 1300
Taberna e lá a concretizei. As expectativas eram altas e o resultado
não desiludiu. Já conhecia o espaço e o cheirinho da cozinha já
me era familiar. Sabia, também, que a garrafeira é motivo de
orgulho deste restaurante que habita a LX Factory desde 2011.
O
chefe, Nuno Barros, deixou a irmã mais velha, a 2780 Taberna, de
Oeiras, e veio assumir o código postal de Lisboa por conta própria.
O resultado tem agradado a maioria dos visitantes, a crítica tem
sido muito positiva. A ementa varia consoante a época mas o
objectivo é sempre pôr criatividade na cozinha tradicional
portuguesa. Aconselho chegar cedo para poder aproveitar a esplanada,
com um cocktail ou um copo de vinho. Assim que chegamos a taberna
surpreende logo, o couvert dá direito a um cestinho de pão feito na
casa que é de chorar por mais, onde a estrela é o pão de cerveja
Guiness. Para a minha mesa vieram duas entradas: o tomate com ovo,
uma versão da tradicional sopa, ou ensopado, que pode vir fria ou
quente, e um atum marinado servido com uma bola de gelado de maçã
verde. Estava lançado um excelente momento de boa cozinha, que foi
seguido por um prato de três carnes com um puré de trufa e
cogumelos salteados e um outro de pato que era acompanhado de um foie
gras de muito boa qualidade. Na 1300 Taberna o último remate é golo
certo. Ao contrário de muitos restaurantes, a sobremesa vale mesmo a
pena. Desta vez foi uma versão do Eusébio, que se chama “Eusébio
depois das 8” e que ainda não conhecia, um petit gateau de
chocolate negro com uma bola de gelado de menta, tudo “homemade”
e com a qualidade que faz justiça à fama do espaço. Foi tudo
regado com Monte Cascas Colheita Verde Branco 2010, um nome comprido
da vasta adega Monte Cascas, que patrocina o WineBar da taberna. O
almoço é ainda mais informal e conta com um menu ligeiramente
diferente, concentrando-se mais nas saladas, Amburgas e pregos.
O
espaço foi decorado por Rosarinho Gabriel, do atelier Coisas da
Terra, e é motivo de orgulho dos donos. Muitos relógios e
candeeiros, num ambiente de meia luz, trazem muitos turistas a entrar
só para tirar umas fotografias. O salão está dividido em duas
zonas: O WineBar tem mesas corridas e um ambiente mais descontraído,
que permite uma relação directa entre os clientes e o balcão do
bar. A zona de degustação é composta por mesas redondas, para
momentos familiares, e mesas para dois, podendo assim aproveitar a
descontracção do espaço para uma noite romântica. A cozinha não
tem segredos e está separada dos clientes por um balcão comprido,
onde a equipa de cozinha trabalha, à vista de todos. O serviço é
impecável, mas aos críticos implacáveis sugiro que visitem a
taberna num dia de semana, evitando a espera e um ou outro embaraço
por parte do serviço, que são normais em momentos mais agitados.
Como costumo dizer, se vou ao cinema não reclamo da fila, o serviço
não pode ser igual com o restaurante cheio ou com o restaurante
vazio. Em conclusão, embora as doses não sejam astronómicas, vale
a pena jejuar um bocadinho para chegar com fome e aguentar passar
pelas etapas todas, cocktail, couvert, entrada, prato principal e
sobremesa, regado com uma boa escolha da carta de vinhos ou com um
dos refrigerantes clássicos, a groselha, o capilé ou o refrigerante
1300, uma versão caseira do ginger ale.
Se
gostaram muito dos produtos servidos na 1300 taberna, podem regressar
à LX Factory no dia seguinte e fazer um lanchinho no Mercado 1143,
também ao cargo de Nuno Barros, uma cafetaria/pastelaria/mercado
onde podemos encontrar o pão, o azeite, o vinho e tantos outros
produtos que fazem parte do menu da 1300 Taberna.
e aconselho a todos os que gostam de comida portuguesa a visitarem este espaço com um requinte particular!
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