Hoje tomei
conhecimento de uma conferência internacional que vai decorrer entre
8 e 10 de Novembro. “O regresso do Jornalismo: A Grande Reportagem
na Era Digital”, na Escola Superior de Comunicação Social, vai
contar com os mais variados oradores, a maioria jornalistas com muita
experiência, que já tiveram a oportunidade de estar em vários
cantos do Mundo e de escrever grandes reportagens. Tiago Carrasco,
João Fontes e João Henrriques vão estar lá a falar sobre “A
Estrada da Revolução”, uma compilação de histórias da viagem
que fizeram pelos países da primavera árabe, para contarem as
peripécias das entranhas da revolução.
A viagem destes
três, um jornalista, um operador de câmara e um fotógrafo, começou
quando decidiram largar os recibos verdes e “cravar” o caminho,
de jipe, até à África do Sul, para chegarem ao mundial de futebol.
“Até lá Abaixo” foi o resultado desta viagem, que conta as
peripécias da equipa, e que foi o trampolim para o projecto
seguinte. Sem um tostão, trabalharam para voltar para casa, mas
decidiram dar a volta pelo golfo pérsico e vizinhança e escrever “A Estrada da
Revolução”.
Isto despertou-me o interesse para este tipo de
viagens. Em registos editoriais variados, as viagens pelo continente
africano são muitas. O Kiko, cozinheiro de profissão, e a Maria,
jornalista, estavam por Moçambique, a fazer voluntariado, quando se
lembraram de fazer uma viagem por vários países africanos e asiáticos, para descobrir
a cultura gastronómica destes continentes. O resultado foi o site,
blog e livro “Comer o Mundo”, que junta as suas histórias com as
receitas tradicionais, ensinadas por quem as sabe melhor, os locais.
Carlos Almeida Carneiro então, deve estar a fazer um passaporte
novo. Terminou o curso de jornalismo há mais de uma década e
começou a correr o mundo. Entre destinos mais exóticos, teve que
parar um tempo por Londres, a trabalhar numa fábrica de salsichas,
para amealhar dinheiro para as suas viagens. Ficou conhecido quando
pegou numa bicicleta e em mil euros e desatou a pedalar até Dakar,
ganhou o prémio de melhor blog 2008 e escreveu o livro com o mesmo
nome que o blog “Até onde vais com 1000 euros”. Na sua última
aventura, Carlos Almeida Carneiro, filho, pegou em Carlos Almeida
Carneiro, pai, de quem herdou os genes de viajante, e foram dar uma
volta à África. Desta vez foram de carro e devem ter gasto mais de
mil euros. Esta aventura inspirou o livro “Nunca é Tarde”, e
terá fomentado alguma obsessão por casas de banho limpas.
Se me vou pôr a
falar dos jornalistas aventureiros que escreveram livros de viagens
por África do Mundo inteiro, vou ficar com bolhas nos dedos, por
isso fico-me só pelos portugueses mais falados. A verdade é que
fico com uma pontinha de inveja sempre que conheço mais uma destas
histórias. Mas são tantas as histórias de África que sinto que se
ficar pelos livros nem é preciso ir lá. O verdadeiro espírito de
aventura é ir ao desconhecido. Foi assim que me decidi que, quando
me crescerem as joias de família, me vou lançar na minha própria
aventura. A receita é simples, é preciso o desprendimento, uma
carteira cheia, um “crowdfunding” não era mal pensado, um
veículo caricato, um contexto e um percurso. Mas a sensação que tenho é que o Mundo começa a ser pequeno demais, mas ainda não tive o prazer de o conhecer pessoalmente, e como África já
começa a não render livros que tragam novidade, fiz um percurso que
vai de Lisboa, mais propriamente da Trafaria (daqui para a frente não
vou conseguir ser tão preciso), até ao leste europeu, ir até à
Rússia profunda, conhecer a Sibéria, descer até à Mongólia,
atravessar o Cazaquistão e back to Europe. Parece
interessante, ou não? Mas não faço ideia do que estou a dizer, e
isso é que o torna mais aliciante. No entanto se souberem de um
jornalista que já tenha dado esta volta avisem, não vá eu achar
que estou aqui com ideias pioneiras e a fazer figura de urso. E para
os meus milhares de leitores, nada de roubar a ideia!!
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