quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Música do Dia - Laura Veirs/ Sadako Folding Cranes

Uma rubrica que, para além de me obrigar a uma publicação diária, reflecte algo que já é normal no meu dia a dia. Ou porque é a música que me está na cabeça quando acordo, ou porque é a primeira música que realmente me faz acordar quando já estou a trabalhar, ou aquela cuja letra vou a reflectir no caminho para o trabalho, ou simplesmente a que me fez, por vezes com uma simples nota, levantar os pelinhos dos braços, uma reacção física à emoção que me fascina e cuja explicação lógica ignoro.










Uma canção cheia de ternura para contar uma história trágica mas carregada com uma mensagem de esperança, que se concentra nas palavras que Laura Veirs entoa no refrão. Laura Veirs abriu um mundo novo na música perante os meus olhos, isto porque a descobri numa época em que, para além da música, voltava a valorizar a canção, a sua simplicidade, para além dos sons fortes e rasgados e do ritmo. As melodias da música e a métrica da voz de Laura Veirs são tão ricas em imagem que ouvir e fechar os olhos é entrar num mundo mágico, cheio de referências de infância e de sonho.

Esta música conta a história de Sadako Sasaki, que é até hoje um símbolo das vítimas do atentado de Hiroshima. Sadako era uma menina japonesa que tinha dois anos quando a bomba atómica foi lançada em 6 de Agosto de 1945, em Hiroshima. Vivia perto da ponte de Misasa, a cerca de 1,6 km do centro da explosão e foi projectada pela janela nesse momento. A pequena sobreviveu, assim como a sua mãe e o seu irmão, que durante a fuga foram atingidos pela chuva radioactiva. Dez anos depois a radioactividade manifestou-se no corpo de Sadako e foi diagnosticada com leucemia.

Chizuko Hamamoto foi ao hospital para visitar a melhor amiga e ofereceu-lhe um origami culturalmente icónico do Japão, a Garça de papel. A amiga lembrou Sadako da lenda popular que conta que qualquer pessoa que fizesse mil Garças de papel teria direito a pedir um desejo aos deuses. Então Sadako começou a dobrar folhas em forma de Garça, com o objectivo de pedir paz no mundo, mas não tinha papel, portanto usava os embrulhos do material hospitalar e os postais de melhoras dos outros pacientes do hospital, que lhos davam de bom grado, até Chizuko roubava papel da escola para trazer à amiga. 

Sadako morreu na manhã de 25 de Outubro de 1955 com 12 anos e para a sua última refeição pediu um prato tradicional de chá com arroz. As últimas palavras que disse foram "É saboroso." rodeada pela sua família.

Um Memorial de Sadako Sasaki foi construído no parque da paz de Hiroshima, onde se pode ver uma estátua da menina a dobrar uma Garça de papel e onde se pode ler, no pedestal:

"This is our cry, This is our prayer. Peace in the World.", as palavras que se podem ouvir neste refrão.

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