Também conhecido por muitos, até pelos seus gurus, como “Empreendorismo”,
é descrito como a arte de fundar uma organização com actividades inovadoras
para o seu sector. Muito bem, eu cá vejo este empreendedorismo como uma nova
estripe do pioneirismo. Quer isto dizer que, ser pioneiro é ser inovador, ser o
primeiro a fazer alguma coisa, ter uma ideia que possa mudar o mundo. Peguem
nisso, juntem-lhe lucro e voilá: empreendedorismo.
A primeira vez que fui introduzido ao conceito de
empreendimento significava pôr as mãos na massa, fazer um projecto passar do
papel ou da cabeça para a acção, fosse ele qual fosse. Agora a figura do
empreendedor é um “enfatiadinho” engravatado cosmopolita, que vai para o seu
escritório num arranha-céus e vai de fato e mochila da east-pak, e que teve uma
ideia que faz chover milhões. Por toda a rede se vê cartazes de cimeiras,
concursos, eventos, certames, congressos e qualquer coisa mais sobre o tema,
onde os gurus do empreendedorismo promovem sessões de motivação dignas da IURD,
e fazem concursos onde o maior idiota (o gajo que tem as melhores ideias),
ganha um prémio chorudo para pôr a funcionar o seu “profit bird”.
Depois acontece como ao grande imperador-guru do empreendedorismo
português, Miguel Gonçalves. Grandes ideias, grandes gamanços, é o que dá.
Depois de andar de faculdade em faculdade a dar conferencias TEDx e a proferir umas tiradas como “é preciso bater
punho”, o guru foi escolhido por Miguel Relvas como embaixador do programa
impulso jovem, só para ser despedido dois meses depois. Não particularizando
neste episódio, os idiotas têm as suas ideias milionárias e os peixes grandes é
que aproveitam o rendimento. É assim a mecânica do empreendedorismo, um conceito simples e puro, agora transformado numa nova igreja que venera o
lucro.
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