terça-feira, 20 de agosto de 2013

A Rainha das Romarias


Ao alto bombos!/as ruas cheias de flores/pelos becos vão gentes amansando suas dores/todos renegados, aturdidos/sem certezas/é esta a nossa hora/luzia vianesa” canta Jorge Cruz. A letra é da canção “Luzia”, dos Diabo na Cruz, mas a musa é a Romaria à Sra. D'Agonia. Hoje é o ponto mais alto desta festa, que é a maior de Viana do Castelo, a Solene Eucaristia no adro da Capela da Senhora d'Agonia, seguida da Procissão ao Mar.


A tradição mantém-se este ano, feiras e arraiais vão de mãos dadas com a devoção religiosa, e a festa arrancou dez dias antes do seu culminar, com a abertura da feira de artesanato, no jardim da Marginal. No dia seguinte, os mais devotos começaram a rezar a novena em honra da Senhora d'Agonia, que termina no dia anterior à Procissão ao Mar. No feriado de 15 de Agosto foi feita a trasladação das imagens do Senhor dos Aflitos e de Nossa Senhora da Assunção, da Igreja da Ordem Terceira e da Sé Catedral, para a Igreja de S. Domingos. A romaria começou oficialmente no dia 16, com o Desfile da Mordomia. O ouro sai dos cofres e adorna os peitos das mais respeitáveis senhoras, como manda a tradição, por cima dos trajes que representam, em rigor, as freguesias da foz do Lima e os diferentes trabalhos tradicionais.


No sábado há uma enchente nas ruas para ver o cortejo histórico-etnográfico, um dos pontos altos da festa. venida dos Combatentes da Grande Guerra tranforma-se numa espécie de sambódromo muito português, enquanto desfilam carros alegóricos com motivos culturais de Portugal, de Viana e do Minho. Gigantones, cabeçudos, vinho verde e grelhadores a crepitar, cheios de carne, peixe e enchidos, vêm misturados com os carros alegóricos, as mulheres exibem os trajes e o ouro e o povo aplaude, o tema é “A Caravela do Mar”. À noite é o Fogo do Meio ou da Santa, aliás, todas as noites há fogo de artifício, com destaque para a Serenata, no Domingo, quando a ponte velha se enche de luz e de som, com as cores dos foguetes, no mesmo dia em que segue a Procissão Solene da Senhora D'Agonia. A festa continua até hoje, dia 20 de Agosto, feriado municipal. Durante a noite fizeram-se os tapetes de flores que se podem admirar nos próximos dias, pelas ruas da Ribeira.

Os moços que riem nos barcos/não vieram pela santa/vão descalços/têm tanto a esquecer”

A procissão ao Mar é o ponto mais alto da Romaria da Senhora D'Agonia. A Rainha das Romarias tem origem na Via Sacra do Convento Franciscano de Santo António ao antigo morro da forca, onde se construiu a Capela do Bom Jesus do Santo Sepulcro em 1674. A imagem da Senhora d'Agonia chega á Capela em 1751, dando início á devoção por esta figura. Em 1783 a Sagrada Congregação dos Ritos deu licença para que todos os anos se celebrasse nesta Capela, no dia 20 de Agosto, uma Missa Solene. Desde então este dia é feriado municipal na cidade de Viana do Castelo. Em 1861 já a Romaria era maior que a festa religiosa. No início do século XX entram para a romaria a Festa do Traje e a Parada Agrícola, que é hoje o desfile etnográfico. Sendo uma terra tradicionalmente piscatória, seria natural que a procissão da padroeira da cidade se estendesse até ao mar, como veio a acontecer. Há anos que os pescadores, na véspera do feriado municipal, enfeitam e embandeiram os barcos para levar os andores com as imagens da padroeira e dos santos mais adorados em Viana.

A festa conta com as revistas dos gigantones e cabeçudos, na Praça da República. Todas as manhãs se acorda ao som dos morteiros, os dias seguem com o ribombar das caixas e bombos dos Zés P'reiras, que entram em competição, só para ver quem faz mais barulho. Todas as noites, depois do fogo, os jovens acorrem aos bares da Praça da Erva e ao Anfiteatro do Jardim da Marina, onde decorre o Arraial Superbock, que dura até de madrugada, com boa música e muita cerveja, refrescando quem passou o dia ao Sol, a ver passar o Cortejo ou a acompanhar a Procissão. 

Hoje acaba mais uma Romaria, mas tudo garante que a tradição nunca vai morrer.



quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Brigada de Minas, Brigada de Armadilhas


Em mais um episódio de "Verdades Absolutas", decidi, bondosamente, tornar publico este segredo, pois sei que a maioria dos utilizadores de redes sociais são honestos, sabem lidar com informações secretas, e que não vão andar a espalhar aos sete ventos, e a largar o pânico entre a espécie humana. O grande segredo que vos vou revelar é a verdadeira história (ocultada pelos serviços secretos portugueses por ser algo embaraçosa) da brigada de Minas e Armadilhas.

 Desde as primeiras ameaças de bomba públicas, o governo sentiu a necessidade de criar a brigada de minas e armadilhas. O que ninguém poderia prever era os problemas que viriam com as queixas. O que se acontecia era que, cada vez que havia uma ameaça, alguém telefonava e dizia "epah venha cá urgentemente que tá aqui um individuo que diz que deixou cá uma bomba numa mochila e que vai arrebentar com isto", e lá ia o pessoal das minas e o pessoal das armadilhas para tomar conta da ocorrência.

O ardil verificou-se quando começaram a ver que o povo não sabia a diferença entre minas e armadilhas e o que acontecia era que chegavam lá todos cheios de pressa com o material e viam que afinal aquilo era uma armadilha. A malta das armadilhas resolvia o assunto, mas quem não ficava contente era o pessoal das minas, que não tinha ido lá fazer nada, podiam ter continuado a suecada descansados e andava-se a gastar dinheiro no material das minas desnecessariamente.
O pessoal das armadilhas também passou por uma série de situações destas. Por tudo isto, a uma certa altura na história decidiram criar duas brigadas separadas: a das minas, e a das armadilhas. Este é o facto oculto mas, de qualquer forma, não resultou, porque depois aconteceram uns episódios embaraçosos para a polícia, em que os queixosos ligavam a dizer que havia bomba e o departamento perguntava: "então mas isso que têm aí é uma mina ou armadilha ?", e eles respondiam: "Pergunta muito bem, na medida em que eu também não lhe sei responder.".
A brigada viu-se obrigada então a criar um inquérito para fazer aos queixosos e despistar as hipóteses com perguntas como" então e faz tic-tac?", ou "tem um relógio digital de números vermelhos em contagem decrescente?", ou "tem alguma lebre presa?"(para o caso de ser uma armadilha), ou ainda "já exprimentou pisar?".
 Este inquérito levou a uma grande subida do número de atentados bem sucedidos por ano. O governo optou por voltar á formação original da brigada e arquivar o caso como Top Secret.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Bom Turismo Rural é no Sorilhal

Em Parada de Bouro, no concelho de Vieira do Minho, depois de procurar com muita atenção, podemos encontrar a Quinta do Sorilhal. Embora a dona do espaço diga o contrário, a casa não é muito fácil de encontrar. A D. Fernanda, proprietária desta pitoresca casa de turismo rural, não estava na casa, deu-nos indicações pelo telefone e, quando percebeu que estávamos muito perto, insistiu que era impossível não ver a placa que dizia "Sorilhal".
 


Na verdade já tínhamos passado pela placa algumas vezes e a dita, que deveria ser impossível não ver, era uma pequena caixa de madeira, com a palavra "Sorilhal" pintada a branco, escondida no meio das árvores, que por sua vez escondiam uma imponente casa senhorial do século XVII e um jardim com uma variedade de plantas e flores quase incontável.
A forma como fomos deixados tão á vontade como na nossa própria casa foi a primeira boa surpresa. Porta aberta, quarto preparado, chá e bolo quentes na recepção e a indicação de um restaurante que, apesar do ambiente pouco atractivo, se revelou um restaurante onde se come "á grande e á portuguesa", o que quer dizer boa qualidade, quantidade e atendimento.
Foi só no dia seguinte que pudemos ter o prazer de explorar a casa e conhecer os proprietários. A D. Fernanda acolheu-nos como uma mãe, estivemos um bom bocado á conversa até que ela nos deixou ir tomar o pequeno-almoço e prepararmo-nos para sair, enquanto ela nos preparava um piquenique feito apenas com produtos locais. O marido da D. Fernanda também foi muito prestável, sempre com muita simpatia desenho-nos um croqui muito detalhado com os locais mais espetaculares para visitar na serra do Gerês.
Partimos dois dias depois com a vontade de voltar o mais brevemente possível, e enquanto não volto vou aconselhando esta casa a quem quiser ter umas férias para descansar e aproveitar tudo o que a serra do Gerês tem de bom. Já há algum tempo que tenho andado com um sentimento de dívida por ainda não ter escrito nada na internet sobre esta casa rural que me marcou, principalmente depois de ter lido vários comentários negativos e acusações muito graves sobre o local. As denúncias iam desde "manchas de sangue nos lençóis", a "casa de banho cheia de humidade" passando por outras tão más ou piores. Confiei nas boas críticas e fui lá. Pela minha experiência, as denúncias estão bem longe daquilo que é a realidade. A mesma pessoa (que tinha alguns pseudónimos) fez até uma lista detalhada, e muito conhecedora das condições impostas a uma casa de turismo, das falhas da quinta do Sorilhal, o que me fez questionar se estes comentários não seriam "estratégias" da concorrência para deitar a baixo as boas revisões que a casa tem na internet. Infelizmente, não é uma prática muito rara no que diz respeito a concorrência, seja em que área for.
No entanto, a minha convicção é que a Quinta do Sorilhal não vai perder clientes, porque quem vai lá uma vez, com certeza vai querer voltar. Podem contar com a minha fidelização.