“Ao alto bombos!/as ruas cheias de flores/pelos
becos vão gentes amansando suas dores/todos renegados, aturdidos/sem
certezas/é esta a nossa hora/luzia vianesa” canta Jorge Cruz. A
letra é da canção “Luzia”, dos Diabo na Cruz, mas a musa é a
Romaria à Sra. D'Agonia. Hoje é o ponto mais alto desta festa, que
é a maior de Viana do Castelo, a Solene Eucaristia no adro da Capela
da Senhora d'Agonia, seguida da Procissão ao Mar.
A tradição mantém-se
este ano, feiras e arraiais vão de mãos dadas com a devoção
religiosa, e a festa arrancou dez dias antes do seu culminar, com a
abertura da feira de artesanato, no jardim
da Marginal. No dia seguinte, os mais devotos começaram a
rezar a novena em honra da Senhora d'Agonia, que termina no
dia anterior à Procissão ao Mar. No feriado de 15 de Agosto foi
feita a trasladação das imagens do Senhor
dos Aflitos e de Nossa
Senhora da Assunção, da Igreja da Ordem Terceira e
da Sé Catedral, para a Igreja de S. Domingos. A romaria começou
oficialmente no dia 16, com o Desfile da Mordomia. O ouro sai dos
cofres e adorna os peitos das mais respeitáveis senhoras, como manda
a tradição, por cima dos trajes que representam, em rigor, as
freguesias da foz do Lima e os diferentes trabalhos tradicionais.
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“Os moços que riem nos barcos/não vieram pela
santa/vão descalços/têm tanto a esquecer”
A procissão ao Mar é o
ponto mais alto da Romaria da Senhora D'Agonia. A Rainha das Romarias
tem origem na Via Sacra do Convento Franciscano de Santo António ao
antigo morro da forca, onde se construiu a Capela do Bom Jesus do
Santo Sepulcro em 1674. A imagem da Senhora d'Agonia chega á Capela
em 1751, dando início á devoção por esta figura. Em 1783 a
Sagrada Congregação dos Ritos deu licença para que todos os anos
se celebrasse nesta Capela, no dia 20 de Agosto, uma Missa Solene.
Desde então este dia é feriado municipal na cidade de Viana do
Castelo. Em 1861 já a Romaria era maior que a festa religiosa. No
início do século XX entram para a romaria a Festa do Traje e a
Parada Agrícola, que é hoje o desfile etnográfico. Sendo uma terra
tradicionalmente piscatória, seria natural que a procissão da
padroeira da cidade se estendesse até ao mar, como veio a acontecer.
Há anos que os pescadores, na véspera do feriado municipal,
enfeitam e embandeiram os barcos para levar os andores com as imagens
da padroeira e dos santos mais adorados em Viana.
Hoje acaba mais uma Romaria, mas tudo garante que a
tradição nunca vai morrer.