Todos os dias que tenho que meter os pés ao caminho para ir para Lisboa trabalhar são uma paulada nas costas. O trânsito e as multidões lixam-me a vida. Como é que é possível demorar tanto a atravessar a ponte e chegar a uma ponta da cidade em tanto tempo como se vai até Castelo Branco? Faz-me perguntar porque é que insisto em trabalhar na capital.
Lisboa dá-me mais é para laurear a pevide e curtir umas esplanadas, coquitéu e petisco... ai não, tapas... e entrar numas lojas onde não posso gastar um tusto mas em que arregalo o olho. A cidade do dandy por excelência - e nisso ela brilha - muito por conseguir juntar o chic e shock no mesmo largo, na mesma rua, no mesmo bairro. Um deles - que se veio a tornar o ex líbris dessa faceta da cidade - é o Príncipe Real, vítima do revivalismo, com as velhas fachadas a rejuvenescer e a transformarem-se em espaços trendy, que empinam o nariz aos tugas e que vazam as carteiras aos turistas, mas com muita pinta. São diversos restaurantes de sushi, hambúrgueres gourmet e todos os petiscos que impelem qualquer foodie (excepto os tesos, que até é o meu caso) AH... e cenas tipo de moda e tal. O que é certo é que o bairro é distinto e quem lá vai não vai para ver mais do mesmo.
No cerne da questão está um gajo de stetson hat e cowboy boots - a minha maneira pouco estereotípica de imaginar um americano que nunca vi - que têm posto alguns espaços a brilhar: Entre Tanto Indoor Market e Embaixada são dois projectos da Eastbanc, empresa do norte-americano Anthony Lanier, que vem a promover projetos de reabilitação urbana desde Washington até Lisboa, onde já trabalha há 8 anos. No one and only bairro lisboeta, entre estas duas galerias e outros espaços habitacionais e comerciais, a Eastbanc conta que o investimento chegue aos 200 milhões de euros (qué isso??).
O tendencioso ENTRE TANTO
O Entre Tanto Indoor Market veio reconverter o Castilho Palace, um edifício do século XVIII. É o mais recente espaço comercial projectado pela tal empresa de Washington e já atraiu mais de 20 lojistas independentes que oferecem moda, design de interiores, decoração e petiscos e copos do melhor.
A ideia, ao contrário do que se passa com o convidado que se segue, foi criar um espaço comercial funcional, com lojas de todos os géneros que fizessem com que os visitantes não quisessem sair de lá se soltar os cordões à bolsa. Moda vintage com a Change, mobiliário vanguardista com a Nichts Neues, sumos (cagões) detox com a Liquid ou um cantinho com tudo o que põe uma senhora a brilhar, o 4Women, são algumas das opções que valem a pena explorar.
A sumptuosa EMBAIXADA
Em contraste com o estilo funcional e diversificado do Entre Tanto, A Embaixada é um espaço conceptual, dedicado ao produto e empreendimento português, que, apesar de mais empinadote, transpira tanta moda, cultura e lifestyle que dá vontade de um gajo se vestir bem e pôr perfume para dar uma visita e sentar-se numa das esplanadas a ler poesia. O tal americano veio reabilitar o Palácio Ribeiro Cunha, construído em 1857, e está aberto desde o final de 2013. É um conceito de restauração e lojas de marca que se revelam em corners trendy (já mete nojo tanto itálico) e tão bem decorado que apetece ir lá e ficar só a ver (ou isso é a falta de guita?).
Entre detalhes de criatividade e outros clássicos e elegantes, a personalidade destaca-se em marcas tão originais como Amélie au Théâtre, com moda vintage e acessórios femininos, a Organni, com cosmética orgânica para todos os sexos e idades, a VLA Records, que alia a música ao artesanato, o Café Bar Le Jardin, a moda e decoração inspiradas no estilo de vida rural português da Urze ou os designers de Moda da Storytailors. O melhor mesmo é passar por lá e ver tudo com os próprios olhos. A malta vê-se no quiosque para beber um cafézinho e pagam vocês.
Sem comentários:
Enviar um comentário