terça-feira, 29 de julho de 2014

O Gigante de Pedra que 'Guarda' a Serra da Estrela

O meu trabalho é diversificado e entusiasmante, mas passa-se maioritariamente dentro de quatro paredes, o que faz ter cara de lula em pleno verão. No entanto, em alguns momentos, lá me deixa ver a luz do sol por algumas horas e ontem mandou-me ir ver o sol do interior, na Guarda. Depois de cumprida a minha missão laboral ainda tive um par de horas para visitar o centro. Embora seja rendido ao turismo "Vá para fora cá dentro", ainda não tinha tido oportunidade ver esta grande cidade da Beira Alta, erigida num maciço granítico nos planaltos que seguem a nordeste da Serra da Estrela, maioritariamente feita do mesmo material: o granito. 


Como não tinha tempo nem estofo para grandes caminhadas deixei-me ficar um pouco pela praça Luís de Camões, a petiscar numas arcadas, com vista para a Sé, e fiquei ali a olhar com uma curiosidade distraída para aquele gracioso e imponente monte de pedra. Depois dei um passei ali pelo centro sem nunca fazer menção de entrar na Catedral, que só decidi fazer quando já me tinha fartado de andar e vi que ainda me sobrava 20 minutitos.

Valeu-me a viagem: a imponência já grandiosa do exterior não deixa adivinhar o ambiente majestoso do seu anterior, ou então estava mesmo distraído. Entrar na Sé Catedral da Guarda é uma viagem no tempo que corta a respiração, o seu interior é absolutamente medieval em ambiente, mesmo que os pormenores arquitetónicos revelem restauros e reformas mais tardias.


Qual imponente gruta natural, afinal a Catedral é até descrita como um dos mais belos monumentos do seu género, em Portugal. A construção daquilo que vi remonta aos finais do século XIV, durante o reinado de João I, depois de D. Fernando ter dado numa de verdadeiro político e ter prometido sem cumprir a edificação de um novo templo naquela cidade. novo templo. Como a pedra por ali é escassa (ou talvez não tinha sido por isso), só no reinado de D. João III é que a obra acabou, dois séculos corridos, e é por isso que dizem que apresenta elementos do estilo ogival, gótico e joanino, com pormenores de estilo manuelino, sendo que, na minha ignorância da historia da arte e da arquitetura, nem dei por eles.

O portal principal, aparentemente de estilo Manuelino, despertou-me a atenção simplesmente por estar orientado para sudoeste, deixando entrar no templo uma envolvente luz de fim de tarde por um olho vítreo que um dia terá privilegiado de vista para as encostas da Serra da Estrela, mas que com o tempo foi tapada por outros edifícios. Em forma de cruz latina (esta eu sabia identificar), tem três naves, com uma nave central que deixou o peito apertado de me sentir tão pequenino.


O retábulo escultórico que se vê por detrás do altar, vim a descobrir que é da autoria de João de Ruão e as suas figuras mostram uma hierarquia do espaço celeste, foi o remate na minha curta visita, antes de sair ainda sem palavras, mas como estava sozinho também não fazia muito sentido estar para ali a dizer fosse o que fosse. Resumindo, não tive tempo para ver muito mas acho que, vendo a Catedral, vi o essencial.

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